Nome: A Lista de Mabel

Autor: Jefferson S. Gomes

Páginas: 277

Gênero: Romance | Ficção | Drama

Ano: 2016

Editora: Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda.

Sinopse: Meu nome é Mabel, e vou morrer em um ano. Desculpe o tom direto, mas acho que esse fato não o afetará tanto quanto a mim. Para ser sincera (e já não preciso ser polida), a morte iminente não tem o peso que presumi ter. De modo torto, é até leve, acho. Prefiro pensar assim. O que fica, aquilo para o qual sou obrigada a acenar em um gesto de adeus, é o que dói mais. Mas, vamos lá. Não tenho uma grande história para contar. Aqui, você não vai encontrar dragões, nem vampiros, nem mesmo aquelas paixões arrebatadoras que começam na página dezessete e seguem enroladas até a duzentos e trinta e seis. É, definitivamente, minha biografia não tem potencial para um best seller. Essa história não é sobre a minha vida, nem sobre a minha morte. São apenas os dias que restam, vividos ao lado das melhores pessoas, com base em algumas coisas que eu listei, apaguei, listei de novo, mudei a ordem e, agora, fazem parte da lista que considero perfeita sobre coisas para fazer antes de morrer. Não possui 1001 itens, visto que não tenho isso de dias; não tenho, de fato, poder sobre a lista. Ela o tem sobre mim.

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Quando soube que eu teria a oportunidade de falar sobre esse livro, o primeiro que fiz foi visitar a página do mesmo no Facebook. Eu não sabia o que me aguardava, mas assim que bati o olho na sinopse algo me disse que eu precisava fazê-lo. Nunca fui muito de me levar por minha intuição, mas dessa vez ela foi tão forte, que até mesmo lágrimas de felicidade entupiram meus olhos.

Antes de falar sobre a história que as páginas de A Lista de Mabel nos conta, quero falar da primeira coisa em que reparei: a estética do livro. Tudo parecia se encaixar perfeitamente: a capa, a sinopse, o nome dos capítulos, e até mesmo a dedicatória que o introduzia. Tudo feito com tamanha delicadeza que minha primeira impressão foi logo de amar o livro. Sei que julga-lo pela capa não é algo muito saudável de se fazer, mas dessa vez meu julgamento acertou em cheio. Na verdade, eu diria que foi surpreendido, com um conteúdo ainda melhor do que desejava.

A Lista de Mabel é um romance escrito por Jefferson S. Gomes, um jovem autor brasileiro que tenta emplacar no mercado de livros. E já deixo de antemão que eu espero grandes coisas para esse jovem. A proposta do livro é algo bastante simples, uma garota está morrendo, e essa garota é Mabel. Ela precisa redescobrir o significado de viver enquanto luta com seu maior inimigo: um tumor no cérebro.

Seria mais uma história clichê, mas não é. Gomes narra as decisões e reflexões de Mabel com tamanha sensibilidade e empatia, que é impossível não criar um laço emocional com a personagem. Mas isso não é tudo, fui capaz de me conectar com cada um daqueles que passaram pela aventura de Mabel. Ao final, me descobri sendo feito por cada um deles, e claro, muito mais.

A proposta que a sinopse nos oferece é de fato real. O livro não se trata de uma grande aventura épica, ou de um romance avassalador. Mas nem por isso deixa de ser grande! Sua grandeza encontra-se nas palavras que compõem cada um dos parágrafos. Ela está na simplicidade da narrativa, e também dos sentimentos propostos. A Lista de Mabel é uma ficção, mas que imita a realidade. E é nessa aproximação entre o criado e o existente que está a grandiosidade da história escrita por Gomes.

Chorei quando soube da oportunidade, e acabei descobrindo que eu choraria muitas vezes mais! Não se passara um único capítulo sem que meus olhos enchessem de lágrimas. Vez ou outra não fui capaz de me conter, e chorei baixinho, no canto. As angustias da garota-mulher que redescobria os significados por trás de viver, e também de morrer, se tornaram as minhas angustias. Os problemas de seus amigos se tornaram meus problemas. A dor de seu namorado se tornou a minha dor. E assim percebi que A Lista de Mabel não é um livro sobre Mabel, mas sobre nós. Nos tornamos parte da história. Somos outros tantos amigos de Mabel, que vivemos aventuras com ela.

Eu estive lá, enquanto ela visitava cada uma das casas que pedira comida na madrugada. Eu fui para o Japão, sofri com o fuso-horário e com a culinária diferente. Eu dancei Conga Conga Conga no palco, sem vergonha de exibir meu corpo. Eu vivi o que Mabel viveu, pois semelhante aos seus amigos da faculdade, eu queria viver junto a ela.

“A vida é uma jornada, mas nem todos chegarão ao fim. Por mais forte que seguremos nas mãos uns dos outros, por mais que os ajudemos a atravessar os obstáculos, chegará sempre a hora de dizer adeus. Nesse momento, todo o caminho será repensado. É desesperador deixar para trás quem amamos, mas é preciso olhar os próprios passos. Não cuide o tempo que a jornada leve, que a jornada é longa, e o tempo, breve.”

Assim como as várias vezes em que chorei, também gargalhei com vontade. Mabel, a garota que recebeu o nome de um produto que estava no folheto do supermercado, com certeza tem um senso de humor peculiar, pra não dizer, ácido! Esse humor é acompanhado pelo humor sexual de Demerval, pela “nerdisse” de Cássio, pela força e valentia de Nina, pelo amor de Fabinho e pelo distanciamento de Gilson.

Uma das magias que ronda o livro é a forma como Gomes foi capaz de criar histórias dentro de histórias. Uma imitação perfeitamente imperfeita da vida. A história de Mabel era também de Gilson, de Cássio, de Nina, de Demerval e de Fabinho. Suas próprias histórias de alguma forma encontraram lugar em Mabel, e definitivamente ela também encontrou lugar nessas histórias.

Não tive muito contato com a literatura brasileira, admito. Contudo certamente A Lista de Mabel entrou para o hall de livros favoritos que existe dentro do meu coração. E Gomes também conquistou um espaço no hall de autores favoritos.

“Amor – s.m. Aquilo que tentam explicar, sem sucesso, mas que pode ser bastante devastador. Como eu resumiria o amor em uma frase? ‘É você quem me faz querer ficar’.”

Um livro que une a realidade e a ficção. Uma história de amor, de amizade, de redescobertas, de vida e de morte. Uma história com direito a Gretchen, Xuxa, U2, The Killers, Legião Urbana, Adele e outros vários como trilha sonora. Uma história sobre machismo, sobre medo, sobre decisões, sobre perder a vergonha, sobre sexualidade, sobre conhecidos que se tornaram desconhecidos, sobre desconhecidos que se tornaram conhecidos. Sobre despedida de velhos amigos, e a chegada de novos. Uma história brasileira. A Lista de Mabel é uma história sobre tudo, mas ao mesmo tempo sobre uma única coisa: vida.

Gomes me deu um presente, e com ele meu 2017 não poderia ter começado melhor! Agradeço a Mabel que me permitiu entrar em sua vida. Agradeço a Gilson, Demerval, Nina, Cássio e Fabinho pelos risos e choros. Agradeço Victor por me fazer acreditar em amor. Agradeço Kaori por me fazer acreditar que sonhos podem virar realidade. Agradeço Soraya por me ensinar que a vida é cheia de lutas, mas que temos força dentro de nós para vencê-las. Agradeço o irmão de Nina por ter se tornado um herói para mim. Agradeço ao entregador, que nos permitiu fazer aquela viagem na madrugada. Por fim agradeço a Gomes que criou e recriou todo esse universo, e que me possibilitou, em algumas horas, redescobrir a vida.

A Lista de Mabel, escrito por Jefferson S. Gomes já está disponível para vendas na Amazon. E se querem uma dica, deixem-se abertos para essa aventura sem vampiros, sem dragões e castelos. Abram-se para um mundo real repleto de fantasia. Deixem-se tocar pela história de Mabel, e tornem-se, junto a mim, parte dela.