featured livros

Resenha | Melancia - Marian Keys

17:00Ayllana Ferreira


Imagem relacionada

FICHA TÉCNICA

Nome: Melancia
Autora: Marian Keys
Páginas: 490
Gênero: Romance | Comédia
Ano: 1995
Editora: Bertrand Brasil
Sinopse: Melancia conquistou uma legião de fãs no Brasil e no mundo ao contar a história de Claire Walsh e apresentar as mulheres da família Walsh, protagonistas de outros romances de Marian Keyes. Claire tinha tudo o que sempre quis na vida: um marido que ela idolatrava, um ótimo apartamento, um bom emprego. Mas, no que seria uma data muito especial em sua vida, o dia do nascimento da sua filha, James anuncia que a está deixando por uma vizinha com quem tem um caso há mais de seis meses. Com o coração partido, uma bebê recém-nascida e um corpo pós-parto para o qual ela mal consegue olhar, ela decide ir para a casa dos pais, em Dublin. Lá, recebendo os cuidados de sua excêntrica família, Claire avalia os prós e contras de um casamento de três anos e começa a se sentir melhor. Aliás, bem melhor. Até que o ex-marido reaparece, forçando-a a tomar uma decisão, que, de uma maneira ou de outra, mudará sua vida mais uma vez. Engraçadíssimo e irreverente, Melancia é um romance sobre sobrevivência e a arte de manter o bom humor mesmo diante das circunstâncias mais adversas.




_________________________________________________________________________________


“Quem é o encarregado aqui? Gostaria de me queixar da minha vida. Claramente, pedi uma vida feliz, com um marido amoroso, para combinar com meu bebê recém-nascido, e que falsificação grotesca era aquela que me ofereciam?”

Lembro-me da primeira vez em que vi o livro “Melancia” em uma prateleira no sebo. Eu o namorava sempre que ia para minha aula, e ficava tentada a comprar, pois já havia ouvido falar muito bem. Dia vai, dia vem, reparei que a obra não estava mais estampada na prateleira, ai relevei e o superei.

Em outro dia qualquer, eis que o nosso reencontro acontece. Eu estava com meu namorado em uma livraria, e estava olhando os exemplares na prateleira – hábito de todo leitor consumista, RISOS, até que vi o livro Melancia novamente. Desta vez, ele me fascinou, e eu achei necessário tê-lo, mesmo pagando aquele preço exorbitante das lojas físicas. Mas não era por menos.

A obra possui duas edições, seguem as imagens. A edição que comprei foi a de capa de cor coral, e está entre uma das mais belas que já adquiri. Capa dura, imagem bem trabalhada e detalhista. O caroço da melancia está em alto relevo, constituído por um material adesivado. Foi um livro caro, não nego. Contudo, a sua beleza vale a pena.

Imagem relacionada
Edição Comum

Edição de colecionador

Agora quanto ao conteúdo. Assim que o comprei, questionei em alguns grupos sobre sua qualidade, e as respostas foram em grande maioria 8 ou 80. Pessoas que amavam, e pessoas que odiaram o livro.

A escrita de Marian Keyes é diferente de todas as outras que eu já li. Ela utiliza de palavras simples e um estilo de narrativa fora do comum que proporciona um sentimento de intimidade ao leitor. Narrado em primeira pessoa, parece que a protagonista está nos revelando seus pensamentos mais íntimos, como se fôssemos duas melhores amigas nos reencontrando, e contando sobre nossos amores antigos, paixões que se passaram, e histórias que foram superadas.

A história é clichê, conta sobre uma mulher – Claire – que após ter a luz, é abandonada pelo marido e se sente como a pior pessoa do mundo. Se sentindo gorda e horrível, como uma melancia, e sem nem ter um nome para dar a sua filha, ela entra em depressão. Extremamente apaixonada pelo patife, a garota começa a se culpar e acreditar que era culpada por ser abandonada.

História vai, história vem, Adam aparece, um rapaz divertido e romântico, que a trata como se ela fosse a primeira maravilha do mundo, fazendo com que todos os seus complexos desapareçam. Obviamente, a mocinha se apaixona por ele, e juntos, começam a curar todas as feridas e más lembranças que o primeiro homem havia causado. Quando tudo começa a dar certo, o traste reaparece querendo Claire de volta, e deixando-a extremamente confusa acerca de seus sentimentos.

Sou suspeita para falar de obras assim, visto que amo clichês. Sou romântica, gosto de pensar em amores impossíveis, capazes de superar vários problemas e ainda se tornarem mais fortes. Amo histórias simples e leves, bem água com açúcar, aquelas em que a sua leitura em si já são uma terapia.

Melancia proporciona tudo isso e ainda mais. A obra é carregada de belas lições e ensinamentos, que nos fazem questionar o casamento, pensar na depressão e acreditar em novos começos. Certa vez ouvi uma frase que dizia que a fênix era um ser tão belo, por que nada o derrubava, e ele sempre conseguia renascer das cinzas. Acho que a obra reforça exatamente essa frase, mostrando que nada é impossível, e que sempre existe a chance de recomeçar e renascer. Tudo pode ser superado, só que algumas fases e alguns aprendizados gastam mais tempo do que outros.

“Soube, então, que a vida não respeitava circunstâncias. A força que atira em nós os desastres não diz: ‘Bem, não darei a ela aquele caroço no seio antes de pelo menos um ano. É melhor deixar que se recupere primeiro da morte da mãe.’ A vida simplesmente vai em frente e faz o que tem vontade, sempre que tem vontade.”

A Claire é um exemplo. Mesmo tendo alguns momentos em que a personagem foi autodepreciativa ou confusa com relação aos seus sentimentos, ela nunca desistiu, e sempre batalhou pelo seu “felizes para sempre”. Não ficou como outras mocinhas, como se a felicidade fosse bater na porta, oferecer companhia e pedir um café. Gosto de obras assim, que nos mostram que depois de toda chuva, vem um arco-íris, e que você precisa só ter força e paciência para esperar que esse momento chegue.

Para mim, Melancia foi um livro surpreendente, que mostrou que existem sim bons romances que retratam apenas o cotidiano – não gostava de romances comuns, estilo só drama de vida. Certamente, “diferente” e “gostoso” são as melhores palavras para descrevê-lo. É um livro que todos os fãs do estilo ou aqueles que desejam conhecer novas obras deveriam se aventurar, livre de preconceitos.

Geralmente, gosto de mostrar a minha opinião para motivar outras pessoas a lerem, ou advertir sobre pontos que eu não gostei, e até mesmo de obras que não me agradaram, e que não recomendo para ninguém. Mas acho que mesmo com a minha opinião, todo leitor devia se aventurar e criar a sua própria, já que algumas vezes, pontos que eu acho maravilhoso, você pode achar ridículo, e vice-versa.

As pessoas são diferentes, possuem opiniões diferentes. Dessa maneira, você só conhecerá um bom ou mal livro se aventurando, sofrendo ou se deliciando ao longo de suas páginas. Então, de uma maneira geral, o meu conselho é esse. Leia a obra e crie suas próprias opiniões. Espero que minha resenha tenha sido capaz de abrir seu horizonte e te motivar a conhecê-lo. Ou se não fez isso, pelo menos levantou uma pulga bem atrás da sua orelha, para te deixar tentado a saber mais.

“Chegava de humilhação para mim, muito obrigada. Não engoliria mais minha raiva. Honestamente, não entrava mais nem uma garfada. Mas estava deliciosa. Foi você quem fez?”

Veja também:

0 comentários