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Resenha | Só por uma Noite - Monique e Mônica Sperandio

20:38Henrique Machado

FICHA TÉCNICA

Nome: Só por uma Noite
Autoras: Monique e Mônica Sperandio 
Página: 189
Gênero: Romance | Infanto-juvenil 
Ano: 2016
Editora: Novo Conceito | Selo Novas Páginas
Sinopse: Samanta Calliari tem vivido com medo durante a sua vida toda. Por causa disso, ela tem se privado de viver intensamente. Uma prova dessas privações é a paixão secreta que Sam tem pelo seu melhor amigo, Gustavo. Só que ela não está sozinha nessa. Suas três melhores amigas, Nat, Marina e Daphne, também sentem medo. Elas irão acompanhar Samanta na noite mais reveladora de suas vidas, onde enfrentarão seus maiores medos, devido a uma lista de desafios deixada para elas cumprirem. Então o que, possivelmente, poderia dar errado na tão esperada noite das quatro amigas? Quase tudo, é claro. Declarações de amor frustradas, verdades engasgadas e loucuras em cada item da lista as aguardam nessa noite. Para sobreviver a lista de desafios e para revelar a verdade para suas amigas, Samanta vai precisar de toda a sua coragem. Mas como ela irá fazer isso se toda vez que é corajosa algo a sua volta desmorona?


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O que é coragem?

É a ausência de medo? A capacidade de agir sem que seu corpo e sua mente sejam dominados pelo pavor do desconhecido? A força para tomar decisões difíceis? Dentre tantas coisas, o que é a coragem afinal?

Você é corajoso?

Imagine levar uma vida repleta de segredos e meias verdades, de dores e medos, de desejos reprimidos, vozes sufocadas, identidades ofuscadas. Imagine levar uma vida em que passamos tanto tempo calados, afogados pelo mar de palavras não ditas, de angústias não escancaradas, de amores não cantados? Na verdade, pensando um pouco melhor sobre o assunto, talvez isso seja exatamente o que está acontecendo comigo e com outros milhares de jovens e adultos neste exato momento. E talvez seja por isso que Só por uma noitetenha mexido tanto comigo.

A história de Sam, Daph, Nat e Mari não poderia ser mais clichê, e na verdade já vimos coisas com uma pegada semelhante no filme Triple Dog (2009). Mas a história criada por Monique e Mônica Sperandio é um tanto quanto light e carrega uma mensagem de fato importante para a vida. E como sempre gosto de pensar: o que seríamos nós sem o clichê?

O livro é narrado pela personagem Samantha, ou Sam, como normalmente é utilizado, e a trama gira em torno dela e do seu grupo de amigas, todas elas tendo um ponto em comum: a jovem Vicky. As quatro garotas devem, em uma noite, cumprir uma lista de desafios deixada por Vicky e confiada a Nat. A questão é que não são desafios aleatórios, mas sim desafios que irão revelar segredos ocultos dessas garotas. Desafios que as tornarão mais corajosas, como Vicky já fora.

Entre as desavenças e os dramas, cada segredo revela um pouco sobre as garotas para si mesmas e para o restante do grupo. Seja o medo de magoar, ou de ser má compreendida. O medo do desconhecido, do diferente. Mas sempre o medo, responsável por tantos segredos.

A história avança e tem um desfecho um tanto quanto previsível, mas nem por isso sem valor literário. Eu diria que a previsibilidade foi compensada pela sensibilidade, pela beleza e pelo êxtase. Trata-se de um fim previsível, mas profundo e sincero. Um fim que a história nos fez desejar para as protagonistas. Um fim que o desenrolar da história, e a capacidade de Monique e Mônica de criarem personagens tão parecidos conosco, por nós foi desejado para aquelas criaturas. Talvez porque desejemos também que seja, não o nosso fim, mas o nosso começo.

Como toda obra literária, existem pontos que não me agradam. Nesse caso alguns pontos que me fizeram hesitar até boa parte do livro, olhando com olhos de julgamento. Entretanto, admito que tais questões não foram errôneas por parte das autoras. São questões presentes em nossa vida, e que só deixariam de existir em um mundo perfeito, e que para mim é utópico. Então de certa forma, quando tirei meu tempo para entender tais escolhas, percebi que esses pontos também contribuem para a construção dos personagens e da história. Sendo assim, ainda que minha mente anseie pelo encontro de um mundo perfeito no universo dos livros, admito e agradeço também às autoras, por terem inseridos elementos realísticos, e que nos aproximam da realidade, especialmente quando falamos de mentes de jovens de 17 anos.

Gostaria de ter plena confiança que na vida real as coisas funcionam dessa maneira, e de certa maneira, assim como a Samantha, acredito que possa de fato acontecer com algumas pessoas sortudas pelo mundo. Contudo, não são tão corajoso como a personagem, mas talvez eu deva me tornar.

Só por uma noite me deixou com lágrimas nos olhos. Lágrimas que pretendo chorar, no momento certo, perto da pessoa certa. Lágrimas que quero ter a coragem de chorar na frente de alguém. Então, Monique e Mônica, obrigado por me permitirem esse sentimento. E mesmo que ele não seja para sempre, será eterno enquanto durar.

Só por uma noite é um livro de romance, de drama, de reflexão. É um livro sobre a vida, e de certa forma, pela vida. É um livro sobre coragem. Sobre a coragem no ter medo, e o medo de se ter coragem. É um livro sobre amar, seja o melhor amigo, o desconhecido da noite, as amizades, a vida ou a nós mesmos. É um livro sobre se permitir e sobre descobrir que a coragem não é sobre a ausência do medo, e sim sobre a força que temos dentro de nós, mesmo quando estamos apavorados.

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