FICHA TÉCNICA
Nome: Maresia
Autora: Maria Fernanda Nieves
Páginas: 559
Gênero: Aventura | Ficção | Romance
Ano: 2017
Editora: Polaris
Sinopse: Alexandria vive em uma cidade que tem cheiro de podridão, saudade, órfãos, viúvas, velhos e, principalmente, maresia. Sua mãe foi levada pela doença, seu pai pelo mar. Da mulher, Alexandria tem o bar, onde ela trabalha e dorme. Do homem, ela tem uma carta, velha, manchada, com as palavras esvaindo-se aos poucos, mas a garota já sabe cada uma delas de cabeça, de tanto que as leu à procura de pistas e respostas. O mar quebra contra a areia. Os dedos de Alexandria apertam a carta. A maresia toca seu rosto, e um navio, pela primeira vez em dez anos, aproxima-se da costa. Maresia é uma aventura pelos mares e também uma jornada pessoal, em que se aprende sobre o valor do companheirismo, do amor, e de como os significados dependem de pontos de partidas. Você poderá escolher de que forma aquelas conchas na praia poderão direcionar sua vida e de como certas dores têm o poder de cura.
Bônus: Primeiro capÃtulo disponÃvel para leitura no site da editora
Autora: Maria Fernanda Nieves
Páginas: 559
Gênero: Aventura | Ficção | Romance
Ano: 2017
Editora: Polaris
Sinopse: Alexandria vive em uma cidade que tem cheiro de podridão, saudade, órfãos, viúvas, velhos e, principalmente, maresia. Sua mãe foi levada pela doença, seu pai pelo mar. Da mulher, Alexandria tem o bar, onde ela trabalha e dorme. Do homem, ela tem uma carta, velha, manchada, com as palavras esvaindo-se aos poucos, mas a garota já sabe cada uma delas de cabeça, de tanto que as leu à procura de pistas e respostas. O mar quebra contra a areia. Os dedos de Alexandria apertam a carta. A maresia toca seu rosto, e um navio, pela primeira vez em dez anos, aproxima-se da costa. Maresia é uma aventura pelos mares e também uma jornada pessoal, em que se aprende sobre o valor do companheirismo, do amor, e de como os significados dependem de pontos de partidas. Você poderá escolher de que forma aquelas conchas na praia poderão direcionar sua vida e de como certas dores têm o poder de cura.
Bônus: Primeiro capÃtulo disponÃvel para leitura no site da editora
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“A maresia já estava impregnada no código genético dos moradores daquela pequena, apertada, e quase abandonada cidade portuária.”
Livros, para mim, mais do que contar a
história de meus personagens preferidos, são uma aventura por si mesmo. Cada
obra é uma nova experiência, assim como cada uma das palavras escritas, sejam
em uma folha de papel ou na tela de um leitor digital, são capazes de adentrar
nosso ser e gerar as mais diversas modificações. Algumas mudam nosso código
genético, se instalam em nosso corpo, mente e alma. Passam a ser parte de nós,
assim como nós fazemos parte delas. Já outras vêm, nos abraçam por algumas
horas, beijam nossa imaginação e depois partem. Partem, pois já não podem mais
ficar. Partem, pois devem encontrar novos corações e ceder seu espaço para
outras tantas aventuras que podemos ter. Sem a necessidade de pensar duas
vezes, afirmo que Maresia é uma daquelas histórias que nunca irão partir, que se
instalaram em meu código genético e ali permanecerão.
Nunca fui muito de me interessar por
aventuras em alto mar. Desde pequeno preferi a terra, os céus e os outros
tantos lugares que pudessem contar magnÃficas histórias. Mas não o mar. Do mar
eu tinha medo. Um medo irracional como todos os outros, mas que não durou por
muito mais tempo. Precisei de apenas alguns minutos com Alexandria que o mar já
não me era mais um inimigo, afinal o mar me trouxe personagens incrÃveis, me
trouxe o êxtase de navegar como parte de tripulações muito mais complexas do
que os filmes se atreveram a contar. O mar me trouxe Maresia, e Maresia me
levou ao mar.
“- Eu nunca durmo de noite, pelo menos não em noites como esta. – Zarin sorriu. – As noites belas têm que ser vividas como os dias quentes.”
Quinhentas e cinquenta e nova páginas me parecem muito pouco para o amor pela história de Alexandria que tomou conta de mim. Em pouco menos de seiscentas páginas naveguei por terras desconhecidas, me encantei por personagens fortes e carismáticos, sofri nas mãos das mazelas da vida marÃtima, chorei pelos corpos jogados ao mar, fiquei aflito pelos duelos e senti a paz que noite trazia ao convés ao qual minha imaginação havia tomado forma.
Maria Fernanda Nieves construiu em suas páginas uma história de tirar o fôlego. Nos apresentou Alexandria, uma mulher capaz de superar dificuldades sem sequer tomar conhecimento de sua força. Nieves criou Zarin, morena dos olhos cor de âmbar cuja personalidade me tomou uma paixão que há muito eu não havia criado por um personagem. E, também, Esther, loira que em sua plena jovialidade conquista mares e oceanos com justiça e garra. Também tiveram Baruc, Daron, Arnar e Firatan. Homens justos e sempre a postos quando o assunto é defender suas amadas – não que elas precisassem, afinal as mulheres de Maresia são o exemplo da força feminina –, e também de proteger suas tripulações. Em um mundo de novas terras, algumas já conhecidas e outras que aventuras marÃtimas iriam levar à descoberta, Nieves constrói uma narrativa capaz de nos prender desde suas primeiras linhas. Não existem pontos dados sem nó, não existem furos ou lacunas, não existem falhas.
“A garota fitou seus dedos novamente e entendeu que piratas eram daquele jeito, eles compreendiam atos de selvageria, entendiam atos sanguinários, mas também não gostavam de protagoniza-los. Piratas entendiam o sangue de outros em suas mãos, mas não gostavam de pintá-las de vermelho. Compreendiam que cidades tinham que ser saqueadas e pessoas mortas, mas eles não faziam isso com os pobres, afinal, a vida para essas pessoas já era um martÃrio. Piratas não eram justiceiros, longe disso, mas também não eram completamente injustos, havia coerência em seus atos e Alexandria sentia-se segura com aquela certeza, sentia que a coerência a protegeria tanto quanto o codinome.”
Em um mix de romance e ficção, Maresia é um livro ao qual sou incapaz de atribuir defeitos. Não somente com uma história forte, mas com uma escrita capaz de criar imagens mentais que nos colocam dentro das embarcações e dos outros tantos cenários construÃdos com tamanha delicadeza e atenção aos detalhes, a história de Alexandria é definitivamente a prova de que a literatura brasileira, em especial dos novos autores que surgem ao redor do paÃs, tem muito a oferecer.
Ao longo de minha leitura não fui capaz de conter minhas exaltações. Meu coração batia mais forte toda vez que os personagens enfrentavam um novo desafio proposto por aquele universo. Meus olhos jorravam lágrimas quando Zarin e Alexandria – minhas personagens preferidas – se encontravam destroçadas pelas mazelas da pirataria. Meus olhos se iluminavam toda vez que as lâminas trocavam farpas em duelos emocionantes, travados nos conveses daqueles galeões. Meu peito doeu quando vi a tortura bater de frente com aqueles piratas. Apaixonei-me pela complexidade das relações ali construÃdas, pelos fios da história que foram se entrelaçando, tecendo uma aventura enigmática e extasiante.
“E palavras nunca seriam o suficiente ou um esforço necessário entre aquelas duas mulheres que se olharam uma última vez e depois deixaram que seus lábios fossem seus olhos.”
Falar de Maresia é falar de uma nova proposta para o protagonismo feminino e LGBT na literatura. É sair dos clichês adolescentes e levar um mundo real para um universo fictÃcio com que muitos de nós sonhamos. Em suas palavras, Maresia reafirma a mulher dona de si e de suas escolhas. Coloca a mulher forte, independente e capaz de feitos aos quais a literatura se negou a reconhecer por muito tempo.
Nieves reuniu poesia e aventura, ficção e realidade, amor e ódio. Trouxe uma trama jamais vista no que se trata do universo dos piratas. Resinificou, em suas palavras, o mar, a pirataria e definitivamente o amor. De suas memórias surgiu um mundo para o qual minha mente amou viajar. Surgiram personagens que aprendi a amar, e outros sequer precisei de esforços para odiar. Sendo exatamente essa a intenção. Me fortaleci junto àquelas tripulações e no fim deixou feridas comuns quando uma obra chega ao seu fim.
“- O que arde cura, querida, o que arde cura.”
Assim como os habitantes de Estival e todos
os piratas, a Maresia se adentrou em meu corpo e se alastrou. Fui se espalhando
até que tomasse conta de tudo que havia em mim e deixou uma marca. Conquistou
seu espaço e de lá ninguém a tira. Ainda quero conhecer mais sobre o passado de
Zarin, sobre os mistérios de Insular e sobre as aventuras de Fir e Cleo, mas
talvez tais mistérios continuem sendo o que são, mistérios indecifráveis,
abertos para a imaginação que recebe força de uma fonte poderosa que é sua
obra. Obrigado Maria Fernanda Nieves por me permitir conhecer Alexandria e o
mundo Atria. Obrigado Editora Polaris por acreditar na força da literatura
nacional e investir nesses sonhos. E obrigado à tripulação de Arnar e de Karin,
por me levar em suas aventuras e me fazer conhecer a justiça e a conexão que
existem entre os piratas. Sigo agora com essa ferida aberta. Uma ferida que não
dói, apenas se faz presente. A nostalgia de uma leitura recém-concluÃda, mas já
que deixa o gosto da saudade em minha boca. A contragosto de Dona Crema, essa é
uma ferida que o mar não pode curar, afinal, ele é o responsável.
(Fotos autorais / Acervo pessoal)
2 comentários
Oi Henrique!
ResponderExcluirNossa! Adorei tua resenha! Já li alguns livros de piratas, mas me surpreendi bastante com a premissa de Maresia. Dica mais do que anotada, espero ler em breve.
Ps.: Seguindo teu blog ;)
Ei Mercia, tudo bom? Fico feliz que tenha gostado!! Maresia é realmente um ótimo livro. Foi uma leitura bastante fluida e cativante :3 Espero que goste!
ExcluirBeijos <3