Será
que vale a pena? Todas as noites não dormidas, os sonhos não sonhados e os
suspiros não dados? Será que vale a pena os sorrisos engasgados, as lágrimas
esparramadas e as palavras engolidas? Será que tudo isso vale a pena?
Será
que vale a pena desistir de si, deles, delas e de quantas outras pessoas
desistimos apenas para suportar o mundo como ele é? Será que vale a pena
desistir de tantas coisas apenas por umas notas a mais em nossa carteira? Notas
essas que sequer duram até o final do mês, e somem deixando não somente o bolso
vazio, mas a alma desiludida e o corpo cansado. Cansado da labuta diária, do
trabalhar para quase sobreviver. Será que no final, vale mesmo a pena?
O
paradoxo da vida é que o tempo corre cada vez mais rápido, mas o viver está
cada vez mais lento. Já não nos sobram sequer os minutos. Nos são exigidos todo
nosso tempo. O nosso tempo já nem é mais nosso. É deles. Deles que não
conhecemos o rosto, que não ouvimos a voz. Deles que se escondem por trás de falsas
promessas. Tão falsas quanto o ideal de liberdade com o que tanto sonhamos.
Deles. Deles que só ouvimos falar, mas que no fundo, não passam de contrações.
Tudo
está tão cinza, tão morto, tão deserto. Tantas pessoas por aí, mas é como se já
não houvesse nenhuma. O que é ser uma pessoa? O que é ser? Será que estamos
sendo? Talvez eu já tenha deixado de ser. E você?
Será
que vale a pena? Será a gente vale a pena? Será que nós sabemos de nosso valor? Será?
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