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Crítica | The Handmaid's Tale

18:28Cecília Rodrigues

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FICHA TÉCNICA

Nome: The Handmaid’s Tale
Número de Temporadas: 1(Série ainda não finalizada)
Duração: 10 episódios (Total de 600 minutos)
Lançamento: 2017
Gênero: Drama, Ficção Científica
Sinopse: A história acompanha a vida de Offred(Elizabeth Moss), uma criada na casa do líder da República de Gilead. Esta é uma sociedade totalitária onde a alfabetização foi proibida para mulheres. Ela surgiu com a catástrofe ambiental e com o avanço da baixa natalidade. Tendo como base o fundamentalismo religioso, esta sociedade trata as mulheres como propriedades do estado. Offred é uma das últimas mulheres férteis, o que a leva ser utilizada como escrava sexual com o objetivo de ajudar a repopular o planeta devastado.

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Não sou uma amante de séries, porém/contudo/todavia vim dar minha resenha sobre a primeira temporada da série The Handmaid’s Tale. Como sempre(ok, algumas vezes) digo, meus posts são um porto seguro para spoilerfóbicos, então não se preocupem que não direi nada importantíssimo. Ainda quero que vocês tenham uma boa experiência vendo a série.

O primeiro episódio me deixou levemente confusa, já que temos três linhas de tempo diferentes que aparecem sem aviso: O presente, o passado distante e o passado nem-tão-distante. Quando li a premissa da produção, fiquei extremamente desconfortável e esperando o “pior” aparecer. Contudo, ela não me desapontou e, aos poucos, foi explicando tudo que tinha de ser explicado de uma forma que praticamente grita “Na sua cara!”.
Na trama, os EUA adotam o sistema de governo totalitário religioso (basicamente, Deus é o presidente e temos uma bancada de juízes que dizem serem “a voz de Deus na Terra”) e as mulheres acabam perdendo todos os direito possíveis: Não podem mais trabalhar, estudar, ter propriedades e nem mesmo ler e escrever! O país (que agora tem o nome de República de Gilead) acaba adotando um novo “sistema hierárquico” também, já que o mundo inteiro está passando por uma onda de infertilidade (não estão nascendo mais bebês, e mulheres férteis são uma raridade)
Resumidamente, o sistema se baseia em dividir seres humanos em castas de acordo com sua função na sociedade:

· Aias: Usam vermelho e uma espécie de viseira em cima da cabeça. Como são as únicas mulheres férteis existentes, seu único objetivo é serem “estupradas formalmente” (não entrarei em detalhes) pelos Comandantes e terem seus filhos (que nem são elas que podem criar, diga-se de passagem)

(Uma coisa curiosa sobre as Aias é que elas perdem seu nome de nascença e ganham o nome de seu Comandante. Por exemplo, se eu for uma Aia e meu Comandante se chamar Joaquim, meu nome a partir dali é OfJoaquim. Quando eu mudar de Comandante, meu nome também irá mudar)

· Esposas: Usam azul, e são as mulheres ricas, inférteis e casadas com os Comandantes. Apesar de tudo isso, ainda não tem direito nenhum.

· Comandantes: São os caras ricos, poderosos e importantes. São obrigados a “estuprarem formalmente” as Aias e, assim que elas pararem de amamentar, pegam os filhos para ele e a Esposa cuidarem.

· Marthas: São outras mulheres inférteis, porém essas fazem todas as tarefas domésticas. Limpam, cozinham e tudo isso.

· Tias: São mulheres mais velhas, com a tarefa de educarem as Quase-Aias a fazerem sua tarefa.
Todo o conceito é chocante, e essa certamente não é uma série que você assiste se quer ficar animada e feliz, já que quase todos os episódios são deixados com uma reflexão que nem sempre é num sentido bom.
Não sou uma profissional em cinema, nem em fotografia. Porém, grande parte da série e focada no rosto da personagem principal ( Que, inclusive, é interpretada pela Elizabeth Moss que está INCRÍVEL! Ela consegue transmitir tudo pelo olhar, e ao mesmo tempo que mostra o quanto é forte, porém submissa por obrigação) e também existem takes que estão com iluminação e posição de tirar o fôlego.
Todos os que atuam na série, em minha opinião, estão incríveis. Alguns deles fica bem explícito quando estão com raiva e tristes, mesmo que os personagens não possam demonstrar diretamente isso. Não sei se foi só uma coisa minha, mas eu não consegui ter uma raiva imensa de nenhum personagem, já que a série mostra o lado de vários deles.
Além de todo esse enredo, fotografia e elenco de tirar o chapéu no meu caso, invisível , também temos uma trilha sonora maravilhosa. Algumas das músicas eu mesma sabia cantar, o que foi um baita contraste com a impressão que temos de que a série se passa no passado, quando, na verdade, se passa no futuro (na teoria).
 Existem três coisas que me passam pela cabeça toda vez que vou falar da série: A primeira é sobre sororidade. Em minha humilde opinião, a palavra que mais define a série toda.
Pra quem não sabe, soror vem do latim e significa “irmã”. Sororidade é, basicamente, considerar outras mulheres ao seu redor como irmãs. E isso é uma coisa que exploram bastante em The Handmaid’s Tale, já que temos várias mulheres unidas pelo sofrimento da nação( E não digo isso apenas pras Aias, mas também para as outras castas). Mesmo que não mostrem isso literalmente, elas estão unidas, querendo ou não. E isso é mostrado por frases durante a série (que eu não direi aqui porque elas são incríveis demais pra serem mostradas em vão)
A segunda é sobre as cenas de violência sexual: elas são mostradas de um jeito que eu, pessoalmente, nunca vi na minha vida. De uma forma que mostra o quanto todos estão desconfortáveis naquela situação, o quanto aquilo é violento.
E a terceira coisa é que a série mostra apenas o extremo de coisas que já acontecem hoje em dia. Quando vemos projetos de leis que apenas regridem os direitos que as mulheres (ou integrantes da comunidade LGBTQ+, que também são retirados na série) já conquistaram, devemos saber que estamos ainda no caminho de um lugar tão absurdo quanto o de The Handmaid’s Tale.
E, antes de terminar o post... Sempre se lembrem, meninos e meninas:
 Nolite te bastardes carborundorum.

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