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Crítica | Okja

00:00Ayllana Ferreira

FICHA TÉCNICA

Título: Okja
Data de lançamento: 28 de junho de 2017
Elenco: Seo-Hyun AhnTilda SwintonJake Gyllenhaal
Gênero: Aventura | Drama | Ficção Científica 
Nacionalidade: Coréia do Sul / EUA
Distribuidor: Netflix
Faixa etária: Livre
Sinopse: Nova York, 2007. Lucy Mirando (Tilda Swinton), a CEO de uma poderosa empresa, apresenta ao mundo que uma nova espécie animal foi descoberta no Chile. Apelidada de "super porco", ela é cuidada em laboratório e tem 26 animais enviados para países distintos, de forma que cada fazenda que o receba possa apresentá-lo à sua própria cultura local. A ideia é que os animais permaneçam espalhados ao redor do planeta por 10 anos, sendo que após este período participarão de um concurso que escolherá o melhor super porco. Uma década depois, a jovem Mija (Seo-Hyun Ahn) convive desde a infância com Okja, o super porco fêmea criado pelo avô. Prestes a perdê-la devido à proximidade do concurso, Mija decide lutar para ficar ao lado dela, custe o que custar.


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Há algum tempo atrás, vi o filme Okja no catálogo de documentários da Netflix, e estava entre os melhores classificados da sessão. Algumas semanas depois, uma amiga disse que o assistiu, e decidiu se tornar vegetariana em virtude do que viu. Alguns dias atrás, o meu namorado também assistiu, e fez altos elogios a produção. Ou seja, das três fontes que viram o filme, todas elas concordam ao dizer que de certa forma, o mesmo se trata de uma “obra-prima” do gênero.

Após tanta propaganda positiva de diferentes telespectadores, e de uma maior insistência de nosso último envolvido, resolvi dar uma chance à película sul-coreana-americana. A premissa da obra é bem interessante: uma empresa americana decide modificar a genética dos porcos para aumentar seu tamanho e sabor. O experimento tinha como tempo previsto 10 anos. Os super-porcos (nome dado aos animais) seriam enviados para regiões distintas do globo terrestre. E, no final do tempo estimado, haveria um concurso entre as criaturas para premiar a melhor de todas, e “cara” do novo sub-produto.

No tempo presente da obra, 10 anos se passaram, e estamos diante de Mija, uma menina que convive desde a infância com a super-porca Okja. Com o prazo do concurso chegando ao fim, a heroína precisa enfrentar uma longa e árdua jornada para evitar que sua amiga vire bacon.

Apesar de não ser classificado como documentário, acredito que de todas as produções com o mesmo tema, Okja foi a que mais me comoveu e chocou. Ao longo da mesma, nos vemos no meio de uma forte amizade entre uma menina e o seu animalzinho de estimação, que faz parte da cadeia alimentar de uma nação. Provavelmente, até mesmo os mais carnívoros sentem um aperto no coração ao presenciar o rumo em que a história tomou. A realidade por trás dos abatedouros e das empresas de carne é cruel e assustadora.

É um tapa de realidade disfarçado de ficção, e é isso que torna a película tão encantadora. A trama não é apeladora, não tenta te vender o imaginário vegetariano, nem um ideal de proteção aos animais. Você termina de vê-la, e consequentemente, começa a repensar sobre seus hábitos alimentares, e questionar se realmente vale a pena fazer um animal sofrer (ou ser morto) pelo prazer de comer um pedaço de bife, ou uma porção de bacon.

Até que ponto o bem-estar de alguém vale quando o lucro está em jogo? Como eu já disse, é uma obra reflexiva, que te faz pensar sobre vários aspectos de nossas vidas, e da sociedade que nos cerca. A premissa em si é sobre o comércio de carne, mas são várias outras variáveis que podem ser substituídas, e produzir um resultado tão chocante quanto.

A atuação de See-Hyun Ahn no papel de Mija é espetacular, e junto a maravilhosa trilha-sonora, a trama consegue se tornar ainda mais envolvente. Outros atores consagrados também fazem parte do elenco, melhorando ainda mais a qualidade da produção. Outro ponto que deve ser ressaltado é a qualidade dos efeitos-visuais. Apesar dos super-porcos serem animais fictícios, a textura e a composição de sua aparência deram um tom de veracidade a criatura.

Com relação a história em si, esta é coerente do início ao fim. O início é lento, muita falação para pouco desenrolar, o que pode ser considerado como cansativo para alguns telespectadores mais agitados. Como me enquadro no grupo anterior, decidi ver o filme em partes, uma vez que em alguns momentos, infelizmente, o sono veio me fazer companhia, e este era um empecilho para o meu bom entendimento. E, embora eu tenha demorado um pouco mais que o normal para assistir à produção, recomendo que vocês façam isso também! Não assistam com cede ao copo, é uma obra para ser apreciada aos poucos.

Okja foi um filme que me surpreendeu de várias maneiras positivas. A forma com que foi produzido e organizado é inovador, e ao mesmo tempo, emocionante.

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