Chapeuzinho Vermelho, João e Maria e Branca de Neve. Três contos com quase nenhum ponto em comum, exceto o fato dos mocinhos terem se encrencado por falar/ receber coisas de estranho. Todo conto carrega uma moral ou um ensinamento que reflete o período em que foi criado. Em grande parte, as histórias são utilizadas como forma de educar/ amedrontar as crianças a fim de criar obediência. Seguindo a linha proposta no nosso primeiro post, vamos falar sobre A Bela Adormecida.
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BELA ADORMECIDA
Uma época em que o estuprar era tão comum quanto amar
Querido leitor, você já reparou que em grande parte dos seriados e filmes que se passam nos tempos antigos, o estupro é quase tão comum quanto o amor? Observem Game Of Thrones e Outlander, a cada 2 episódios, pelo menos um estupro acontece, e a grande maioria, com mulheres.
A causa é óbvia, antigamente, as mulheres não eram valorizadas, sendo enxergadas apenas como um objeto de satisfação, tanto física quanto sexual. Elas não tinham valor, logo não eram respeitadas. Não existia também o lema feminista “Meu corpo minhas regras”, na verdade, era quase que o contrário disso. Qualquer homem poderia fazer o que quisesse, desde que a tal garota não fosse comprometida com outro alguém.
Enfim, o meu objetivo nesse post não é discutir gênero, outrora debater sobre os lemas feministas. Entrei nesse assunto basicamente para abordar um assunto muito comum nas primeiras versões dos Contos de Fadas, o estupro.
Várias princesas foram estupradas pelos seus príncipes encantados, mas talvez, a figura que mais se destaca é a Princesa Aurora, de a Bela Adormecida. É muito bonito pensar que o beijo do amor verdadeiro acordou a princesa, e devo agradecer a Disney por essa versão tão inspiradora, e que faz acreditar na força de tal sentimento.
Porém, na primeira versão, datada em meados do século XVII, não teve nada de belo. O príncipe encontrou a princesa adormecida, e a estuprou. Ela engravidou, e deu a luz a uma criança (não me pergunte como ela fez o parto dormindo). A criança, esfomeada, encontrou o dedo da mãe com um espinho e o chupou, pensando ser um seio cheio de leite, e poof, a princesa acordou.
Vejam a seguir as principais mudanças:
– Não teve maldição. Na história original, Aurora sofreu um acidente aos 15 anos. Ela prendeu o dedo em um espinho venenoso, e caiu em um sono profundo.
– Um rei ficou sabendo sobre a princesa adormecida, e resolveu se aproveitar da situação, estuprando-a.
– 9 meses depois, gêmeos nasceram. Com a mãe desfalecida, eles não conseguem se alimentar e ficam famintos. É nesse momento que entra a outra parte que eu falei.
– Ao acordar, Aurora descobre que fora estuprada e conhece os dois filhos. Porém, descobre que o pai das crianças é um rei casado.
– O rei decide então enviar criados para buscar a vítima e as crianças para viverem juntos a ele no palácio.
– A esposa do rei tenta matar a princesa. Ele descobre e a mata.
– Com a rainha morta, Aurora tem o espaço necessário para se casar com o rei, e viver o seu FELIZES PARA SEMPRE. (Ah tá, felizes para sempre casando com o cara que te molestou. OK).
São essas as principais mudanças. Confesso que não vejo a lição por traz da história, talvez, eu tenha deixado algum fato passar, ou talvez não. Alguém tem alguma sugestão?
Novas histórias estão por vir, aguardem.
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