Não existe uma fórmula pronta que nos guie no ato de escrever sobre algum assunto. Cada vez que nos colocamos em frente a tela de um computador, ou com nossos braços apoiados no arame do caderno, não sabemos exatamente por onde começar, ou como vai terminar. A única coisa que sabemos, é que nosso coração será colocado ali. Seja em uma aventura com reis, rainhas e dragões, ou talvez em um romance avassalador, de botar inveja em qualquer produção hollywoodiana. O que importa, é que nosso coração estará em tais palavras, e dessa forma, elas serão, também, parte de nós.

Eu ainda não sei determinar o exato motivo pelo qual comecei a escrever. Talvez não exista um único, mas vários motivos que me colocaram pela primeira vez de frente a uma folha de papel, onde deixei que todos os meus medos e desejos, todas as minhas angustias e tristezas, se tornarem palavras. Entre metáforas e reflexões, entre sentimentalismos e fugacidades, eu estava ali. Escrevendo.

Pode ter sido a depressão, é verdade. Ou quem sabe a necessidade de ser ouvido, ou melhor, lido. De toda forma, eu sei que o papel, a caneta, a tela do computador e o teclado se tornaram meus melhores amigos. Estes não falam por si só. Ganham vida quando lhes dou um pouco da minha.

Uma vez ouvi em uma música que as vezes precisamos de um estranho para conversar. Esse verso permaneceu em minha cabeça por meses, e ainda permanece. E mesmo que minha mãe sempre tenha me advertido para não conversar com estranhos, acabei descobrindo que talvez não fosse uma ideia tão absurda.

Claro, os estranhos a que me refiro são os papeis em suas mais variadas cores, pautados ou não. E também as telas de computador, que não faz mais que seguir nossos comandos. Eu sei que isso pode soar solitário, e é! Mas quando estou ali, quando meus personagens ganham vida, o mundo parece não ser tão cruel assim.

Existo em cada palavra por mim escrita. Respiro por cada personagem que criei e recriei. Sou parte de cada história que escrevi, e elas, por sua vez, são parte de mim. Solitário ou não, sou um escritor, um amante das letras. E acima de tudo, sou um inteiro universo que busco entender através de palavras.

“Sometimes you need a stranger to talk to” – Rufus Wainwright; Sometimes You Need