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Resenha | O Saotur - Natalia Smirnova Moraes

19:00Ayllana Ferreira

FICHA TÉCNICA

Nome: O Saotur
Autora: Natalia Smirnova Moraes
Páginas: 366
Gênero: Ação | Fantasia
Ano: 2016
Editora: Publicação Independente
Sinopse: Se o bater das asas de uma borboleta pode causar uma tempestade do outro lado do mundo, poderia então uma pérola afetar o destino de uma raça inteira?

O que você faria se por acidente descobrisse um lugar que lutou para ser esquecido pela humanidade, onde estranhos não são bem-vindos e que esconde segredos terríveis?
Por um horrendo desastre, Constantin Teller foi jogado em terras de um reino cujo o nome é guardado a sete chaves. O forasteiro acaba não tendo muito tempo para conhecer a jovem que o resgatou, uma garota que chama a atenção com seu olhar estranho de cor púrpura. Ele é levado para a capital pelos homens dos mantos negros para prestar satisfações à realeza e explicar como foi parar em terras das quais ninguém deveria saber. Seu destino é incerto e sua vida muda drasticamente.
É na capital que ele começa a desvendar os motivos de tantos segredos. É na capital que ele descobre quem é o Saotur. Aventuras, segredos, traições, orgulho e amores proibidos são apenas algumas facetas dos personagens que entrelaçam suas histórias de formas inesperadas.


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Querida Natalia, é um prazer para nós, equipe do Universo Germini, resenhar sua história, uma produção de uma jovem escritora com coração de Brasileira. Você faz parte do futuro da nossa literatura, e eu te desejo muita garra e audácia para persistir em seu caminho. Por mais que a gente sempre faça o melhor em nossa profissão, a partir do momento em que nos tornamos pessoas públicas, sempre aparecerão os dois tipos de pessoa, aqueles que irão nos elogiar, e outros criticar, e infelizmente, nem sempre estaremos preparados para escutar tudo aquilo que será dito.

Peço desculpas caso você se sinta ofendida com qualquer comentário que irei fazer. Meu objetivo não é ser dura demais, nem desmerecedora de sua produção. É uma conversa entre futuras colegas de profissão, e acredite, eu te admiro muito pela coragem de persistir em um caminho que para mim, seria muito difícil e desafiador. Quero que entenda que todas as críticas e comentários que irei fazer a seguir são apenas coisas que não me agradaram muito, e que como “amiga”, vejo-me na obrigação de te dizer. E claro, também irei ressaltar pontos que foram muito interessantes e criativos.

E para você, querido leitor, peço que leia essa carta que a ti também é direcionada. Abra sua mente para um novo mundo que é a história de O Saotur, e aventure-se em nossa resenha. Então, vamos começar?

Na sexta-feira (12), terminei de ler “O Saotur”, e desde lá venho tentando compreender o que realmente senti, a fim de criar uma resenha que representasse com afinco a minha opinião. A forma que você escolheu para criar a sua narrativa foi surpreendente. A maneira que você escreve é divertida, e as frases inseridas com um tom de humor criaram um contexto leve para a história. Algumas vezes, senti que algumas dessas foram meio clichês, contudo necessárias para conectar as ideias que foram transmitidas.

A história em si também foi inovadora, uma vez que foi criado um universo novo, uma mitologia nova baseada neste, e diferentes nichos (tramas) que se entrelaçavam em um dado momento. Vários personagens e cenários foram abordados ao longo deste processo, e apesar de ser uma ótima escolha de abordagem, ela também foi responsável por causar confusões. Eu acho que se você desenvolvesse um pouco mais de cada história, seria mais fácil para nós leitores acompanharmos as mudanças. Algumas vezes, elas foram feitas rápido demais, e eu me senti meio perdida naquilo tudo, sem compreender qual era a relação daquilo que eu estava lendo agora, para o que eu havia lido antes.

Contudo, assim como todas as escolhas difíceis que fazemos ao longo da vida, para escolher uma abordagem em uma história não seria diferente. Obviamente, ela carrega pontos bons e ruins. Então, apesar de ter me confundido em alguns momentos, determinadas tramas serviram como um combustível, posto que nem todas as histórias que foram narradas me empolgaram da mesma maneira. Por exemplo, a história do Constantin (principal) não me foi muito atrativa, posto que o achei meio forçado demais, e até mesmo muito comum. Contudo, a história de amor entre Helena e Lottus (um Saotur) foi apaixonante, e eu realmente fiquei muito comovida com tudo o que lhes aconteceu.

Para você, querido leitor, que talvez esteja se sentindo um pouco perdido, a história do livro é sobre Constantin, um marinheiro que naufraga em uma terra desconhecida, e é salvo por uma criatura assustadora. O cenário de fundo é o período medieval, mais especificamente na época em que existiam reis e clãs (casas), que vivem uma relação semelhante ao feudalismo. Além disso, outro personagem importante na narrativa são os Saotur, seres sobrenaturais, incríveis e extremamente interessantes.

Basicamente, nas primeiras páginas têm um prólogo de um conflito brutal (ainda não compreendi muito sua importância). Já no primeiro capítulo inicia-se com a história de Constantin após o acontecido. Ele está extremamente assustado e sem saber no que estava se metendo, até que conhece Lyhty, uma jovem de olhos de cor de turquesa cheia de segredos que o ajuda a se recuperar. Arrependido com tudo que viveu no seu período de marinheiro, ele vê na nova terra uma chance de recomeço, já que seu passado vergonhoso morreu junto com a catástrofe que o acometeu.

O início foi lento e extremamente detalhado. Mas não se preocupe, eu entendo. Construir uma narrativa com algo tão diferente necessita sim de muitos detalhes (sem aproveitar estilos de personagens clichês ou até mesmo seres sobrenaturais “comuns”). É necessário fazer com que o leitor consiga imaginar o novo universo criado, precisando de um serviço de “descrição” ainda mais completo e preciso. Eu senti falta de cenas de ação. Acho que se o início fosse um pouquinho mais movimentado, o fluxo de leitura correria de uma maneira mais rápida e fluida.

Bem, voltando à trama… Quando começa a se recuperar, o herói vê que está inserido em um mundo completamente diferente do seu. Existe uma realeza poderosa, e um grupo de pessoas ameaçando a segurança do Estado. Com a chegada do forasteiro pelas águas, muita desconfiança surge, uma vez que os poderosos começam a acreditar que sua aparição foi uma armadilha. Mas não é bem assim, na verdade, foi apenas um acidente causado por um Saotur. E é aí que aparece o maravilhoso e cativante Saphere. De todos os personagens da obra, é o mais fofo, e o que mais desperta dó, uma vez que desde o seu nascimento ele sempre foi vítima de uma sociedade cruel e injusta. Com apenas cinco anos, sua mãe morreu, deixando-o sozinho. E para piorar, ele é metade Saotur e metade humana.

Aposto que você, leitor, nesta altura de campeonato, deve estar se perguntando: que diabos são isso de Saotur? Prepare-se para conhecer os seres mitológicos mais fantásticos de sua vida. Eles são como o pior de nossos pesadelos, possui uma aparência ameaçadora, e se assemelham com animais. As garras são extremamente mortíferas, além de possuírem um veneno igualmente perigoso. Por anos, eles mataram humanos e se alimentaram deles. Porém, após o surgimento do escudo (um escudo lançado pela realeza para proteger a população do povo de fora), ambas as espécies tiveram de se aliar para garantir a sobrevivência. Mesmo com a aliança, eles sempre se odiaram, e trataram uns aos outros como seres irracionais, e impossíveis de se dialogar. E é aí que surge a história gracinha que eu disse.

Helena é uma humana que está destinada a se casar com um homem que não ama, e Lottus um Saotur impiedoso que nunca encontrou uma parceira ideal. Com uma relação estilo Romeu e Julieta – mais proibido impossível -, eles se apaixonam e vivem uma linda história de amor. E claro, o amor é tanto que eles precisam vive-lo de todas as maneiras possíveis, resultando na humana grávida. Infelizmente/felizmente, o nascimento do fruto desta relação torna-se um risco para o relacionamento, resultando em uma conclusão triste.

Helena acaba criando Saphere (filhote do casal) sozinha, e mesmo com um coração partido e sem compreender a outra metade de seu filho, ela faz o máximo para ser a melhor mãe possível. Contudo, a mesma não consegue controlar o que o garoto faz na água, posto que não seja capaz de segui-lo lá. E bem, lembra-se do Constantin? É neste ponto que as duas histórias se cruzam.

Em um dia, em suas “nadanças” rotineiras, Saphere encontra um humano na beira da morte. Ele decide salvá-lo sem pensar nas consequências disto. Porém, em virtude do escudo e até mesmo de leis que regem o lugar em que vive, a atitude tão nobre do menino é considerada como um dos crimes mais graves que pode ser cometido. Para piorar, devido a sua “natureza”, ele é visto como uma aberração para o Governo, sendo apenas um peso que precisa ser descartado. Acho que a partir daqui, vocês já conseguem deduzir todo o problema em que os personagens introduzidos até o momento se meteram.

De todos os livros que já li este ano, o Saotur foi um dos que mais mexeu comigo. A história me fez chorar, sorrir, vibrar e até mesmo sofrer com as tramas dos personagens. A narrativa é extremamente cativante, e é impossível não se afeiçoar aos principais, principalmente com Saphere. Em cada uma de suas perdas, eu chorei com ele e quis abraça-lo.

Apesar de não gostar do Constantin, eu admiro a sua força e coragem para tentar se adaptar a um local que não conhece nada ou ninguém. E Lyhty, todas nós temos um espírito de criança, que tem sonhos tão inocentes, mas ao mesmo tempo tão importantes para nós. Nós entendemos o seu desejo de servi para a realeza. No nosso íntimo, a maioria das pessoas tem uma “fantasia de infância” que as vezes pode parecer bobo para os outros, todavia é de extrema importância para quem o idealiza.

O livro foi fantástico, e acredito que teria o aproveitado mais se condissesse com o meu estilo literário. Tem um pouco de tudo, e acho que para os fãs de Ficção/ Histórias de Época/ Ação, vai ser um prato cheio, e uma ótima história para se aventurar. Como eu sempre digo, leia-o e crie suas próprias opiniões,

Antes que eu me esqueça, o final foi surpreendente. Particularmente, eu não gostei do que aconteceu, mas foi uma opinião pessoal, e não técnica. A conclusão criada foi fantástica e extremamente inteligente, instigando o leitor a querer saber mais. Foi à conclusão ideal, mesmo que não condizendo com “as minhas expectativas inocentes”.

Para você, querido leitor que acompanhou a resenha até aqui, te desejo boa sorte em sua próxima escolha literária. Tente se lembrar de “O Saotur” quando for procurar por uma obra do estilo. E por último, para você, Natalia, obrigada pela chance e pela ótima contribuição para a nossa literatura.

Att

Ayllana Ferreira









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