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Resenha | Cidade do Fogo Celestial - Cassandra Clare

19:00Ayllana Ferreira

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FICHA TÉCNICA

Nome: Cidade do Fogo Celestial
Autora: Cassandra Clare
Páginas: 532
Gênero: Fantasia | Romance
Ano: 2014
Editora: Galera Record
Sinopse: Em Cidade do fogo celestial, Clary, Jace, Simon e toda a companhia se unem no meio do caos para enfrentar Sebastian, cujos poderes colocam tudo em risco. E agora, terão que viajar para outra dimensão para conseguir ter uma chance de impedi-lo. Vidas serão perdidas e sangue será derramado nesse último volume, onde o próprio destino do mundo pode ser mudado.



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“Julian correu em direção ao Portal e puxou Emma por uma das mãos; depois de dar uma olhada apavorada para trás, ela permitiu que a puxasse. E se abaixou quando uma flecha passou por eles e estilhaçou uma janela do lado direito. Julian agarrou Emma freneticamente, passando os braços ao seu redor; ela sentia os dedos dele se apertando nas costas da camiseta enquanto se jogavam dentro do Portal e eram engolidos pela tempestade.” P. 25


Fins de sagas sempre provocam sentimentos ambíguos em mim. De um lado, eu fico super feliz e emocionada pelo fim de uma história que acompanhei, e por outro, me surge uma crise existencial (ainda mais quando essa se tornou uma das minhas favoritas) pelo tempo de dedicação e o amor construído. Ambas as sensações me fazem questionar sobre minhas próximas escolhas, tanto literárias quanto para passar o tempo. Sabe aquela clássica ressaca literária? Bem, abram as portas porque ela está de volta.

Cassandra Clare foi uma das poucas autoras que já li que conseguiu fazer algo extremamente diferente com uma história tão comum, e até mesmo clichê. Seus personagens são comuns, como quaisquer adolescentes que sonham, amam, se decepcionam e se apaixonam. E em alguns momentos, até comuns de mais. Porém, a forma com que ela os criou e desenvolveu foi extremamente criativa e encantadora. As histórias e experiências destes moldaram quem eles se tornaram, e ao longo de cada livro, é possível acompanhar estes acontecimentos, e vê-los crescer conosco.

A Clary do primeiro livro, que era uma menina mimada e extremamente dependente, se apaixonou pela primeira vez, viveu um romance estilo Romeu e Julieta, superou seus próprios limites, rompeu várias barreiras e venceu uma guerra. Ela se tornou uma guerreira de várias maneiras diferentes, e alguém em que o leitor pode sentir orgulho, afinal, a vimos crescer.

Já o Jace, era um personagem arrogante, seco e independente. Assim como a primeira, o vemos se transformar em outra pessoa. O garoto virou sentimental – de uma forma positiva – preocupado, destemido, e extremamente dependente do amor das pessoas que o cerca, e até mesmo da própria Clary.

Assim como os dois principais, vários outros personagens sofreram mudanças em suas personalidades ao longo dos livros. Simon deixou de ser o melhor amigo imaturo e egoísta, se transformando em um dos melhores personagens da série, se não o melhor. Seu bom humor e piadinhas alegraram várias manhãs minha, e me arrancaram boas risadas. Fora o seu lado romântico, que é full gracinha.

“- Meu timing é horroroso – explicou Simon. – Mas não significa que não seja verdade. Existem coisas que queremos por baixo do que sabemos, por baixo até mesmo do que sentimos. Existem coisas que nossas almas desejam, e a minha deseja você.” (p. 396)

Isabelle, a guerreira destemida que pisa em qualquer um que se opõe a ela. Na verdade, é uma garota sensível e apaixonada, que quer acima de tudo ser aceita como é. Além disso, sua audácia e coragem transformam-na em uma inspiração. Enquanto isso, Alec, o personagem que eu odiei na primeira vez que vi, se transformou em alguém simplesmente encantador. Ele venceu seus limites, viveu um amor como ninguém, sofreu, amadureceu e foi leal com seus amigos. Sua evolução foi surpreendente, e até mesmo adorável de se acompanhar.

Como todos os livros anteriores. Cidade do Fogo Celestial não poderia ser diferente. A conclusão da saga foi espetacular, emocionante e ao mesmo tempo bela. Depois da mensagem macabra que Sebastian havia deixado para os mocinhos, ele começa a atacar institutos para desmoralizar a clave e conseguir mais guerreiros Crepusculares para o seu exército do mal. Como única alternativa para sobreviver ou continuar puro, os caçadores dos institutos precisam fugir e se esconder em Idris enquanto planejam o próximo passo. Em Alicante, após algumas reviravoltas, os heróis decidem se unir para tentar vencer o antagonista, e interromper com seus planos cruéis e devastadores.

Cidade do Fogo Celestial foi o livro da despedida. Vários personagens queridos morreram em virtude da guerra, e não tiveram a homenagem que mereciam. Esses mesmos personagens que conquistaram o nosso amor e carinho, partiram em um piscar de olhos. Foi bem triste, sendo sincera, uma vez que algumas das mortes me pegaram de surpresa, e não me deram tempo para digerí-las. A vida seguiu, ou melhor, a narrativa, só que seguiu rápido demais, e em alguns momentos me senti meio sufocada por tantos acontecimentos.

Quando falo que foi o livro das despedidas, não foi só pelas mortes. Personagens que nos apegamos foram afastados sem nenhum remorso da Clave, enquanto outros foram vítimas de escolhas injustas. Aquele final foi surpreendente e em partes revoltante. Quando li fiquei meio sem acreditar, e logicamente, estava me derretendo pensando nas consequências daquilo. Até mesmo o que aconteceu com o vilão me deixou pensativa.

Como já disse anteriormente em outras resenhas, o Sebastian é aquele clássico caso do vilão que não conseguimos odiar. Por mais cagadas e merdas que fez, como o assassinato do Max, é impossível não sentir dó dele. O garoto nunca foi amado, foi rejeitado pela mãe, e tratado como uma arma pelo pai. Foi chicoteado, e depois dispensado, como um objeto. E para completar, ninguém nunca sentiu nada por ele além de ódio. Eu realmente queria um final diferente, talvez, um final em que o Sebastian finalmente tivesse uma chance de se tornar uma pessoa modesta (boa é pedir demais), e pudesse traçar o seu próprio destino. Mas não, isso não aconteceu.

Além de tudo isso, novos personagens são introduzidos. Jules e Emma. O garoto doce e leal, e a menina destemida e corajosa. É impossível não se apaixonar por essas duas figurinhas tão cativantes, e desejar conhecer um pouco mais sobre eles. Não minto, um shipp nasceu quando os conheci. Pena que o laço parabatai pode ameaça-lo.


– Jules. Ser parabatai é uma coisa importantíssima – censurou ela. – É… é para sempre.
Ele a encarou, o rosto sincero e inocente. Não havia truques na natureza de Jules, nem maldade.
– Nos não somos para sempre? – perguntou ele. (p. 319)


Antigos personagens também conseguem destaques interessantes: Tessa, Raphael e Zhacariah., personagens enigmáticos de Instrumentos mortais, que se mostraram como donos de um belo coração (mesmo o Raphael sendo um vampiro que já não tem um coração pulsante, acho que deu para entender hueahuae’). Suas histórias comoventes e a participação mais ativa nesta obra podem ter despertado a curiosidade de alguns leitores com relação as suas histórias. Eu particularmente queria saber mais sobre cada um deles.

Cidade do Fogo Celestial é um livro em partes indescritíveis. Não só pelos personagens e “roteiro”, mas sim pela sua narrativa. Cassandra Clare conseguiu criar um enredo cativante, capaz de despertar o interesse e o amor do leitor. Em cada livro, eu me senti como parte da história, e como um personagem desta. Eu vivi as dores dos personagens, me apaixonei com eles e tive meu coração partido. A audácia daquela para criar uma história tão simples, mas ao mesmo tempo tão complexa é o que torna tudo ainda mais incrível.

Por fim, o final em si depois das tragédias contribuiu ainda mais para transformar a obra em um dos melhores livros que já li do estilo. As despedidas dos personagens para o leitor foram emocionantes e ao mesmo tempo instigantes. Faz menos de um dia que li, mas já sinto saudades daqueles que me acompanharam por semanas e alegraram algumas de minhas manhãs. Terminei a saga com um sentimento de que preciso comprar as outras séries paralelas para reencontrar os meus “velhos amigos” em novas histórias, e claro, saber o que aconteceu com Jules e Emma.

Recomendo a leitura da saga Instrumentos Mortais. Cassandra Clare me surpreendeu de várias formas que já descrevi, e ainda me encantou com um final digno. Foi uma saga constante em padrão de qualidade. Obviamente, teve momentos entediantes e até mesmo Zzz, porém não é nada comparado com a beleza de cada história.

Por fim, gosto de concluir dizendo que ler é fugir de seus problemas e ser transportado para um universo mágico em que tudo é possível, e foi exatamente isto que eu senti ao fim de cada leitura, que a minha imaginação seria o único limite para aquela aventura.


"– Você gosta do nome Herondale? – perguntou ele.
– É seu nome, então eu o amo – respondeu.
– Eu poderia ter recebido alguns nomes Nephilim bem ruins – disse ele. – Bloodstick. Ravenhavem.
– Bloodstick não pode ser um nome.
– Pode não ser aceito – reconheceu. – Herondale, por outro lado é melódico. Doce, pode-se dizer. Pense no som de “Clary Henrondale”.
– Ai meu Deus, soa péssimo.
– Todos temos que fazer sacrifício pelo amor. – Ele sorriu e se esticou." (p. 530)

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