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Resenha | Memórias de Um Amigo Imaginário - Matthew Dicks

19:30Ayllana Ferreira

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FICHA TÉCNICA

Nome: Memórias de um amigo imaginário
Autor: Matthew Dicks
Páginas: 428;
Gênero: Drama
Ano: 2012
Editora: Morderna;
Sinopse: Enquanto Max acreditar em mim, eu existo. Posso precisar da imaginação do Max para existir, mas tenho os meus pensamentos, as minhas ideias e a minha vida, tudo isso separado dele.” “Max não gosta de gente da mesma forma que as outras crianças gostam. Ele gosta das pessoas, mas bem de longe. Quanto mais afastado alguém ficar de Max, mais ele vai gostar dessa pessoa.” “Nós dois não gostamos da Sra. Patterson, mas ultimamente ela e Max estão estranhamente próximos. Isso não é normal, muito menos para alguém como o meu amigo. Ele corre perigo, tenho certeza…” Uma história apaixonante e dramática sobre amor, lealdade e sobre o poder da imaginação. Perfeita para qualquer um que já tenha tido um grande amigo – real ou não…
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Nunca vi uma frase mais verdadeira do que aquela que estampa a capa do livro Memórias de um amigo imaginário:“Você nunca leu um livro como este antes”. Jodi Picoult, não sei quem você é, mas concordo completamente com o que disse. A história da obra é extremamente excêntrica e criativa, e de certa forma, inesquecível.
Budo é um amigo imaginário. Ninguém pode vê-lo ou ouvi-lo a não ser Max, o seu criador, e outros amigos imaginários. Para o mundo dos amigos imaginários, aquele é considerado uma relíquia. Com cinco anos de vida, muito mais tempo de existência que a maioria dos outros amigos, ele é uma parte fundamental da vida de Max.
Max é uma criança especial. Não tem nenhum amigo na escola e é vítima constante de um valentão maldoso. Quanto mais longe as pessoas estiverem, para ele, melhor. E digamos que na instituição em que estuda, existem dois tipos de pessoas que interagem com este: as que são cruéis e as que falam com voz de neném (o Max odeia que falem com ele com voz de neném), como se o menino tivesse alguma dificuldade de raciocínio.
Em casa, seus pais brigam constantemente para entrar em um consenso sobre o que deve ser feito. Consultar um terapeuta, e admitir que algo está “errado”, ou continuar fingindo, como se tudo estivesse “normal”. Com todos esses problemas em sua vida, o protagonista prefere ficar sozinho, e viver no seu próprio universo particular ao invés de enfrentar a realidade.  E parte deste universo particular é divido com seu amigo imaginário, que o ajuda com tudo, desde cocô extra à proteção de seus sonhos para evitar que sua mãe o beije enquanto dorme.
E, graças a esta ligação, os dois amigos vão todos os dias juntos para a escola, e se não fosse pelo Budo, Max não teria ninguém com quem conversar. Ambos amam as aulas da Sra. Gosk, a favorita de toda a classe. E não gostam da Sra. Patterson, uma professora que parece nunca dizer a verdade sobre o que pensa.
Até que um dia, tudo muda. Max se torna muito próximo da Sra. Patterson, e os dois tem um segredo que ninguém mais pode saber, nem mesmo Budo. O amigo imaginário sente que algo está errado. Max está em perigo, e Budo é o único que sabe o que está acontecendo, e que pode salvá-lo.
“Isto é o que eu sei:Meu nome é Budo.Faz cinco anos que existo.Cinco anos é muito tempo para alguém como eu existir.Max colocou esse nome em mim.Max é o único humano que pode me ver.Os pais de Max me chamam de amigo imaginário.Eu adoro a professora do Max, a senhora Gosk.Eu não gosto da outra professora do Max, a senhora Patterson.E não sou imaginário” (p.5)
Memórias de um amigo imaginário é um livro escrito por Matthew Dicks, publicado em 2012 no Brasil pela editora Moderna. A forma com que o autor escreve é simples e fácil de compreender. A história da narrativa é comovente e emocionante, e os dois principais são carismáticos e cativantes.
De início, a narrativa é lenta, e para alguns leitores, pode ser considerada como cansativa (eu senti isso no início), fora que o autor repete palavras demais, o que contribui ainda mais para esse sentimento. Acredito que se resolvessem este problema, a história se tornaria ainda melhor do que já é.
Quanto à trama em si, ela é muito amorzinho, sério! Para as pessoas que acreditam que é uma história infantil, por se tratar das memórias de um amigo imaginário de uma criança, vocês estão muito enganados. Budo foi pensado como adulto, ou seja, seus comportamentos e atitudes são como a de um adulto. E como o livro é narrado em primeira pessoa e por ele, a narrativa construída reflete a personalidade de seu ator, tendo um tom mais maduro.
Enquanto lia Memórias de um amigo imaginário, em certos momentos, eu senti o mesmo sentimento que as pessoas dizem ter ao ler o Pequeno Príncipe. Por mais que a história seja relativamente simples, ela reflete várias lições sobre amor, lealdade e amizade. E estas são tão belas e emocionantes…
Ao longo das páginas, nós vemos Budo evoluir e crescer. No início da trama, em alguns momentos eu o achei meio egoísta. Todavia ao decorrer desta, eu percebi o quanto estava enganada. Um questionamento interessante levantado na história é o medo que todos temos da morte, e de não ter marcado a vida de ninguém. O personagem tem acima de tudo, medo de desaparecer, e ser esquecido por Max. Até que ele decide pisar em cima de seus próprios medos, e arriscar tudo o que tem para salvar seu amigo. Como já dizem alguns pensadores, o verdadeiro amor liberta e protege.
De uma maneira geral, eu adorei, no fundo do meu coração, a proposta da história. As memórias de um amigo imaginário… que coisa mais criativa! Muitas crianças têm amigos imaginários ao longo da infância, portanto, nada melhor do que um livro escrito por um destes. A trama em si também é muito inovadora, em vários momentos, me surpreendi com a inteligência desta, e a coragem do escritor em si arriscar em algo tão diferente. Certamente, é o livro mais excêntrico e peculiar que eu já li, e eu amei isso.
A história do Max precisa ser contada, e os leitores precisam se conscientizar que existem outras crianças como ele, que são vítimas de valentões cruéis, e que detestam serem tratadas com piedade. Elas querem ser iguais, e claro, ter amigos.
Para reforçar ainda mais este ensinamento, tem o final. Cara, eu me derreti. Chorei horrores, me emocionei, torci e vibrei. Espero que tudo dê certo para o Budo e para o Max. Não vou falar mais para não dar spoilers.
Quanto a edição, não me lembro de já ter lido um livro editado pela editora Moderna, pelo menos não um atual. E eu realmente me surpreendi. A estética da capa é maravilhosa. As cores são vivas e belas, tudo que a história que a compõe é. E os detalhes da contracapa se encaixam perfeitamente com esta, além de ser um ótimo convite para os futuros leitores.
A obra realmente me surpreendeu, espero que surpreendam vocês também.
“Mas você tem que ser a pessoa mais corajosa do mundo para sair todos os dias sendo você mesmo, quando ninguém gosta de quem você é” (p.350)

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