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Resenha | Uma Noite Como Esta - Julia Quinn

16:35Ayllana Ferreira

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FICHA TÉCNICA

Nome: Uma noite como esta
Autora: Julia Quinn
Páginas: 267
Gênero: Romance | Histórica
Editora: Arqueiro
Sinopse: Anne Wynter pode não ser quem diz que é… Mas está se saindo muito bem como governanta de três jovenzinhas bem-nascidas. Seu trabalho é bastante desafiador: em uma única semana ela precisa se esconder em um depósito de instrumentos musicais, interpretar uma rainha má em uma peça que pode ser uma tragédia ou, talvez, uma comédia – ninguém sabe ao certo – e cuidar dos ferimentos do irresistível conde de Winstead. Após anos se esquivando de avanços masculinos indesejados, ele é o primeiro homem que a deixa verdadeiramente tentada, e está cada vez mais difícil para ela lembrar que uma governanta não tem o direito de flertar com um nobre. Daniel Smythe-Smith pode estar em perigo… Mas isso não impede o jovem conde de se apaixonar. Quando ele vê uma misteriosa mulher no concerto anual na casa de sua família, promete fazer de tudo para conhecê-la melhor, mesmo que isso signifique passar os dias na companhia de uma menina de 10 anos que pensa que é um unicórnio. O problema é que Daniel tem um inimigo que prometeu matá-lo. Mesmo assim, no momento em que vê Anne ser ameaçada, ele não mede esforços para salvá-la e garantir seu final feliz com ela."


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“O tempo parou. Simplesmente parou. Era o modo mais piegas e clichê de descrever, mas aqueles poucos segundos em que o rosto dela se ergueu na direção dele... pareceram se esticar e se estender, dissolvendo-se na eternidade” (p. 24)

Então, sabe aquele filme da sessão da tarde, bem comédia água com açúcar, que parece ter a fórmula mágica do sucesso, sendo recheado de clichês e previsibilidade, mas que ainda assim muita gente assiste e ama?! Bem, essa realidade é compartilhada também pelo universo literário. Existem escritores que são M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S, todavia TODAS as suas histórias parecem ser estruturadas da mesma maneira e com personagens semelhantes – características psicológicas e trejeitos iguais (leia-se Nicholas Spark, John Green, Carina Rissi, Colen Houck, entre outros). E mesmo com tal traço, a cada novo lançamento desses, lá estão seus leitores brigando pelas edições de pré-venda, com o coração até vibrando com a expectativa de adquirir a nova obra. Calma aí, não estou dizendo que acho isso ruim. Há casos e casos.

Hoje terminei de ler Uma Noite como Esta, o segundo livro do Quarteto Smythe-Smith da Julia Quinn. Assim como todos os outros livros da escritora, tem-se um casal protagonista divertido e encantador - apaixonantes também, como sempre - que descobre que se amam após uma série de desavenças e implicâncias. Só que quando a ficha caí, tem algum empecilho que faz com que o "felizes para sempre" demore um pouco mais para acontecer. Geralmente, basta apenas a sinceridade para que tudo se ajeite e é exatamente isso que acontece.

É impressionante como a cada lançamento, me apaixono ainda mais pela escrita doce e atraente da autora, sua narrativa bem construída e estruturada, seus personagens corajosos e fortes, fora a forma cativante de ver a vida – como se o amor fosse capaz de superar qualquer barreira ou obstáculo. São histórias com o mesmo padrão?! São!!! Mas são tão boas e especiais para mim, que sempre tenho um aperto no peito e uma certa nostalgia quando vejo uma nova obra divulgada pela Arqueiro. E como sempre, mesmo sendo mais do mesmo, a narrativa cumpre exatamente com o que acho que todo livro deveria cumprir: uma obra leve, divertida e que nos faz esquecer de nossos problemas.

Em Uma Noite como Esta, Anne Wynter é uma jovem resguardada que esconde um passado misterioso. Já Daniel Smythe-Smith é o conde de Winstead e ninguém mais, ninguém menos, do que o irmão “fugitivo” da maravilhosa Honoria - protagonista do primeiro livro da série – e dono de um pretérito vergonhoso.  Após descobrir que o “carrasco” que o ameaçava não estava mais atrás de si, Daniel decide voltar para casa, especialmente para o concerto de suas primas. Como todos sabemos, a cada concerto das Smythe-Smith, dá-se início à um novo show de horrores, conseguindo sempre surpreender aos espectadores com a falta de qualquer talento musical. Lá, ele conhece Lady Anne, a governanta de suas primas, que havia sido obrigada a substituir sua prima Sarah naquele divertidíssimo dia, exibindo seus “dons” ao piano. E a cada livro da nova saga, sempre me pego pensando, será que as Smythe-Smiths são realmente tão ruins quanto a Julia enfatizaz?! UHahuehuae

Como toda bela história de amor, quando a vê pela primeira vez, o mocinho logo se apaixona. Bem, pena que o primeiro contato entre eles foi uma completa tragédia, com direito a trilha sonora do evento de fundo, estragando os tímpanos de qualquer um que fosse exposto e vários hematomas referentes à um desentendimento com o crush de sua irmã. Acho tão piegas, mas ao mesmo tempo tão lindo pensar em um amor que surge nos primeiros olhares... meu espírito romântico se alegra com histórias assim. Começo a ter esperanças por aqueles que estão desacreditados no amor, e pensam que nunca encontraram uma pessoa certa para si.

Anne Wynter e Daniel Wislead formam um casal maravilhoso, são a prova desse tipo de amor que surge tão repentinamente e é avassalador – embora seja uma trama ficcional, ainda assim, é emocionante de se ver. Eles são uma graça juntos, ao mesmo tempo em que são também divertidos e fofos. É a primeira vez que me encantei logo de início pelos dois protagonistas. E além deles, tem também as irmãs Smythe-Smiths. Eu me apaixonei pela Frances, sua inocência e seu sonho de ser um unicórnio (?????) e pela excêntrica Harriet, “a escritora da família” uaehu. As cenas protagonizadas pelos quatro personagens são leves e engraçadas, sendo capazes de arrancar umas boas risadas. E o relacionamento entre eles reflete carinho, lealdade e fidelidade, sendo a clássica representatividade necessária para fazer o leitor acreditar também que família é muito mais do que só laços, podendo ser também amizade e compreensão.

Querido leitor, peço desculpas por não ter feito uma resenha. Mas é porque não tem muito a ser dito mesmo. Julia Quinn sempre dá um show com sua escrita e escolhas de palavras, uma vez que as suas colocações dão prazer de serem lidas e apreciadas. É gostoso ler algo que ela escreveu, não sei explicar. Suas histórias são fofas, e me fazem sempre acreditar ainda mais em um amor estilo “sonho de princesa”. Para mais, além de tudo isso, seus personagens sempre me encantam.

Geralmente, não sou o tipo de leitora que gosta de histórias parecidas e escritores que escrevem narrativas sempre semelhantes. Tanto que tenho um leve ranço do John Green e do Nicholas Sparks. Mas eu não vejo na Julia mais do mesmo sempre, assim como vejo neles. Os sentimentos são os mesmos, mas os personagens e o amor são completamente diferentes. Além de que mesmo sendo histórias com menos carga emocional, sinto que a autora consegue criar tramas mais densas, envolventes e complexas a cada lançamento.  Como eu digo, mesmo com mais de 10 livros retratados no mesmo cenário, e com características parecidas, a rainha dos romances de época sempre consegue criar traços e aspectos que tornam cada um de seus protagonistas diferentes. 

Uma coisa que andei percebendo sobre seus livros é que todos eles são compostos basicamente por diálogos. São poucas as descrições, o que faz com que a leitura se torne mais fluída, envolvente e dinâmica. Diferentemente dos livros de ação e ficção, nos romances, a relação entre os protagonistas e os coadjuvantes são o principal objetivo e o que sustenta toda a trama. Logo, nada mais justo do que uma narrativa no qual esses elementos são priorizados. Fora isso, outro ponto que achei bem interessante é que conforme a narrativa vai evoluindo e os personagens vão criando intimidade uns com os outros, a nomenclatura que eles são chamados na obra vai perdendo a formalidade, se tornando mais íntima e seguindo o próprio fluxo da história. Achei isso tão interessante.

Por fim, sempre gosto de terminar dizendo que a Julia Quinn sempre será uma de minhas escritoras favoritas, e a dona da coletânea de livros que marcou a minha vida. Sempre irei recomendar para os fãs de romance, e sempre irei dizer o quanto à admiro.

“- Estou tonto – disse o conde, e com um exagero tão óbvio que Anne não pôde evitar de revirar os olhos. – É verdade – insistiu ele – Estou com... hã, o que foi que abateu a pobre Sarah...? Sim, tonteira.
- Foi uma indisposição estomocal – corrigiu Harriet, e deu um discreto passo para trás.
- Você não pareceu tonto antes – comentou Frances.
- Ora, foi porque eu não estava com o olho fechado.
Isso silenciou todas elas.
Então finalmente:
- Como assim? – perguntou Anne, que estava mesmo interessada em saber o que fechar os olhos tinha a ver com aquilo.
- Sempre fecho os olhos quando conto – explicou ele, com uma expressão que esbanjava seriedade.
- O senhor sempre... Espere um instante – disse Anne, desconfiada. – O senhor sempre fecha um dos olhos quando conta?
- Ora, eu dificilmente poderia fechar os dois.
- Por quê? – perguntou Frances.
- Eu não conseguiria ver nada – respondeu ele, como se fosse óbvio.
- Não precisa ver para contar – retrucou Frances.
- Eu preciso."   (p. 55 – 56)



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