featured livros

Resenha | Corte de Espinhos e Rosas

14:00Ayllana Ferreira


FICHA TÉCNICA

Nome: Corte de Espinhos e Rosas
Autora: Sarah J. Maas
Páginas: 434
Gênero: Aventura | Fantasia | Romance
Editora: Galera Record
Sinopse: "Em Corte de Espinhos e Rosas, um misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance.

Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar um féerico transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação.

Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira que ela só conhecia através de lendas , a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la... Ou Tamlin e seu povo estarão condenados."


________________________________________________________________________________


É impressionante como cada obra literária – mesmo aquelas escritas por um mesmo escritor - é capaz de evocar um universo próprio de sensações. Em Trono de Vidro me encantei por Celaena, a mercenária que dá vida e emoção a produção. Por algumas páginas, lutei com o mal que assolava o castelo junto a ela, e desejei uma realidade mais justa, em que as pessoas poderiam escolher seus destinos. Em Corte de Espinhos e Rosas, a protagonista não me agradou tanto. Embora fosse uma guerreira nata, em vários momentos senti como se ela ainda reforçasse o clássico clichê da mocinha que precisa ser resgatada, e que é de certa forma inferior aos homens. Em compensação, os “mocinhos” da trama são encantadores, refletem lealdade e adoração, o tipo de “príncipe encantado” que eu vejo que são essências para todo bom romance.

Em Corte de Espinhos e Rosas, livro escrito por Sarah J Maas, publicado em 2015 e que hoje resenho, vemos uma sociedade fictícia no qual por anos, humanos foram escravizados por feéricos – seres fictícios, poderosos, meio quimera (possuem partes ou podem se transformar em animais), meio fada e maravilhosos. Séculos de tortura e mortes desnecessárias fizeram com que as espécies se odiassem, gerando uma guerra responsável por perdas numerosas em ambos os lados.

Cinco séculos se passaram, um tratado foi forjado para evitar mais mortes e separar as linhagens. Os feéricos se tornaram uma lenda a se temer – pouco se sabe sobre eles. Humanos precisam sobreviver com os poucos recursos oferecidos pela sua parte do mapa e com o medo constante dos antigos inimigos atacarem. E nesse bojo de miséria e pavor, nasce Feyre, uma garota que precisou amadurecer antes da hora e negar qualquer humanidade para evitar que sua família passasse fome. Quando criança, ela viu seu pai ser “aleijado” por cobradores, e toda a sua riqueza sendo levada em poucas horas. A fome, o frio e o medo se tornaram companhias constantes, enquanto o arco e flecha e a floresta seus únicos aliados em uma batalha a favor da sobrevivência.

Após um inverno intenso com poucos recursos, em um dia de caça, Freyre vê a oportunidade de ouro. Movida por instinto, ela assassina um enorme lobo. Após escalpá-lo e vender sua pele para uma mercenária, uma criatura assustadora aparece em sua porta, pedindo reparação. O animal assassinado era um jovem feérico transformado, e em troca da vida que foi tirada, a heroína deveria colocar outra em seu lugar, no caso, a sua própria vida. Bem a Bela e a Fera, né?! Uhuhaeuhae

Mas calma aí que ainda estamos no início uhaehuae. Além disso, a criatura bestial era na verdade o maravilhoso e irresistível Tamlin qnd se lê as continuações, tudo muda, um dos sete Grão-Feéricos que governa o povo feérico, e senhor da Corte Primaveril. Com o passar do tempo, a protagonista começa a descobrir que tudo que sabia sobre aqueles seres mágicos estava errado, na medida em que se apaixona perdidamente pelo seu captor. Contudo, embora a Corte seja Primaveril, nem tudo são flores auheuhae – sei que a piada foi TERRÍVEL, mas não resisti. Uma praga antiga e cruel está se aproximando, e a única maneira de evitar que todos sejam condenados é provando a força do amor “da princesa” pela sua fera.

Por mais que a história de Corte de Rosas e Espinhos se pareça mais um romance clichê baseado no conto da Bela e a Fera, engana-se quem pensa que falta de emoção ou originalidade façam parte de sua composição. A mitologia que compõe a trama é extremamente inteligente, instigante e bem construída.

Como disse na resenha de Trono de Vidro, se tem uma coisa que Sarah J Maas é, é original e criativa. Suas histórias são sempre surpreendentes e peculiares, apostando em elementos poucos usuais que quando trabalhados juntos, formam uma narrativa espetacular. Os feéricos são seres impressionantes e admiráveis. Eu adorei conhecer um pouco mais sobre eles, e adorei ainda mais a forma que eles foram abordados no livro. Como sempre, existem os dois lados da moeda, e claro, pessoas boas e ruins.

Como se já não bastasse ser um feérico – algo que ganha muitos pontos no meu ranking mental -, como já disse, Tamlin é tudo aquilo que todo herói deveria ser repito, é a visão de quando eu tinha lido só o primeiro livro. Nobre – não no sentindo de linhagem, mas sim uma pessoa nobre -, leal, romântico e apaixonado, ele está disposto a qualquer coisa para fazer com que sua amada fique em paz até demais. Apesar de “amores impossíveis” com uma pitada de “sacrificarei o meu mundo por você” sejam um clássico clichê, ainda gosto de ver relacionamentos assim, no qual o amor vence tudo e qualquer coisa.

Já com relação a Freyre, senti que faltava algo nela. Não, não estou dizendo que a construção dos personagens tenha sido superficial ou nada do estilo, pelo contrário. São densos e encantadores. O que me incomodou foi justamente o que aquela representava no contexto de escrita da própria autora. Ainda que a vida a tenha obrigado amadurecer muito cedo, a senti infantil demais em alguns momentos. Fraca, como se tudo fosse difícil demais e nada possível para ela. Senti falta de mais Celaena – protagonista de Trono de Vidro, escrito pela mesma pessoa. Enquanto uma era a personificação de algo que toda mocinha deveria ser, a outra era a personificação de tudo aquilo que a anterior tentava romper. Ou seja, ao mesmo tempo que Corte de Espinhos de Rosas tenha sido evoluído em determinados aspectos, houve falhas em outros que o fizeram perder pontos para mim.

Além dos dois protagonistas, alguns personagens que foram secundários nessa obra – acredito que receberão mais destaque nas próximas – também devem ser exaltados. O Lucian é maravilhoso, sua lealdade e senso de humor me conquistaram logo de início. Enquanto o Tamlin não se mostrava ser o Deus Grego que é, ele já dava um show de diversão e ousadia. O Rhys também é outro que merece um pedacinho do meu coração por ser quem foi atualmente meu coração inteiro. Aparentemente, ele irá se tornar o próximo bad boy. Sinto cheiro de triângulo amoroso novamente rs. Mas não me levem a mal, se eu fosse solteira e tivesse dois boys maravilhosos daqueles me rondando, também me sentiria confusa – por mais que até o momento o coração da Freyre seja só Tamlin auehhuae.

Com relação a escrita da autora, dessa vez me surpreendi. Em Trono de Vidro, Sarah repetiu palavras demais e com orações muito curtas. A leitura não fluía, e era de certa forma irritante. Dessa vez, tudo correu nos seus devidos conformes. Não tinha nada demais, mas não havia também nada de menos. Foi uma obra agradável de ser ler.

De uma maneira geral, Corte de Espinhos e Rosas é um ótimo livro de fantasia, se não um dos mais criativos e peculiares de seu estilo. Por mais que eu tenha certa preferência por Trono de Vidro, é nítido a sua qualidade e ousadia em meio a tantos romances do mesmo estilo que são mais do mesmo. Recomendo muito que deem uma chance a ele.


Veja também:

0 comentários